quarta-feira, 9 de julho de 2008

(MEU TIO)

Meu tio foi a prmeira pessoa totalmente negra que tenho lembrança de ter visto. Ele era bonito e tinha coisas diferentes de toda a família, como por exemplo, gostar de ler. É certo que ele lia umas coisas esquistias Pequenos livros de bolso, recheados de páginas de papel que me parecia pior que jornal e com tantas letras que por mais que buscasse uma figura, gravura, desenho, não encontrava.

Vinha na hora do almoço. Almoçava, deitava na cama da minha avó lendo os livros que nunca sabia quando eram substituídos por todos me parecerem tçao iguais. Eram histórias de 'westerns' que, a princípio não conseguia saber se eram boas ou não, os livros serviam-lhe para cobrir seus olhos quando dormia sem que ninguém percebesse. Após esse ritual, ele ia embora, no início levando uma carrocinha de madeira que ele puxava carregando suas ferrametas de trabalho: uma vassoura enorme e uma pá de metal. Depois ele montava na sua bicicleta e suas ferramentas de trabalho passaram a ser uma prancheta, planilha e caneta.

Ele andava o bairro todo de bicicleta, tinha um defeito físico que só percebi de crescida, assim como demorei um pouco a perceber que os seus livros eram bons de se ler, embora eu ainda preferisse, livros com folhas brancas e lisas, fontes grandes e desenhos ou fotos, ainda que não gostasse tanto de revistas e apreciasse fotonovelas. Mas estas quem trouxe para o meu universo foi minha mãe.

Meu tio era uma figura inominável. Os comenários eram de que ele na juventude era extremamente vaidoso, vestia com muito apuro um terno branco de linho e eu ficava a imaginar aquele negro tão bonito e magrinho, de terno branco ecepcionalmente bme passado e me vinha à mente, hoje, só hoje eu sei, uma imagem dessas que estamos acotumados a ver de malandro que smboliza a Lapa.

Ele tinha uma voz muito bonita, muito mais bonita que a do Nélson Gonçalves. Cantava seresta. Tinha muitos anos de casado e mais de 10 filhos. Morava numa casa de madeira que a gente tinha um certo receio de denominar como barraco. Um quintal com umas 3 casas e aquele barraco e muita criança correndo. Todos decerto modo, parecidos. Morenos de cabelos negros e olhos mais negros ainda, Todos tão felizes quanto mal arrumados e esbranquiçados de tanta brincadeira e correria. Na cozinha a louça sem lavar empilhava-se. Pela sala e quarto as roupas se espelhavam como num cenário de novela, de livro naturalista. Mas eu via como aqueles primos eram felizes! Eles tinha liberdade e faziam coisas que eu jamais poderia sonhar.

Eram raras as vzitas, mas quando aconteciam eram inesquecíveis, no entanto esses primos eram muito melhores como visitas do que como anfitriões. Com excessão de um deles, que tinha o cabelo mais liso e era o mais levado e nos visitava com mais frequencia por ser afilhado da minha mãe. Menino engraçado! Ma deixa estar os primos para lá. Lamento, mas não tenho saudades, saudade tenho do meu tio. Com tantas crianças em casa a mim não parecia que fosse um adulto vidrado em crianças e suas artes...Seria overdose

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